Review do Raven Eyes Like Mirrors para a Encyclopaedia Metallum sobre o álbum "Abi In Malam Pestem" = 80% (Versão Portuguesa)

"Depois de uma extática experiência com o meu primeiro álbum de Antiquus Scriptum... O fantástico "Conclamatum Est", virou prioridade máxima rastrear cópias dos outros álbuns da banda. A maioria, se não todos das muitas edições CDr e Tape que esgotaram passado algum tempo, felizmente novas versões dos dois primeiros discos foram sendo editadas desta vez pelo irmão do Metal da pequena mas dedicada Runenstein Records. Ainda estou atônito de não haverem outras reviews ao trabalho do Sacerdos Magus aqui e eu sinto-me como que a trombeta que espalha a palavra desta banda, porque há algo realmente incrível nisto por detrás da capa, se as pessoas apenas não o rejeitarem como algo muito bruto ou imprevisível. 

Começando com este primeiro álbum, estou na realidade chocado como é tão dramaticamente diferente do "Conclamatum Est", particularmente na qualidade da produção. Há sempre alguma coisa bravamente juvenil e adolescente nos samples que eu tinha ouvido do início de Antiquus Scriptum, mas neste álbum esse espírito está completamente escancarado como uma chuva cegante de fogo de metralhadora. É o equivalente sonoro de ser metralhado pela bateria programada! Magus não tem nada a esconder sobre o material programado e ainda parece realça-lo ao ponto de uma absurdidade maníaca, até que cada canção é totalmente crivada de buracos de bala. A primeira vez que eu ouvi o sample do tema "Of Dying Seasons (The Cursed Ones)", eu imediatamente entrei em colapso de riso com esta investida... Mas então prestei atenção aos riffs de guitarra que emergiam e senti um sorriso malicioso surgir-me no rosto e depressa estava a abanar a carola ao ritmo da música. Mesmo nesta altura, o verdadeiro charme e talento brilhante do Magus emergem dos seus riffs de marca própria. 

Eu queria ser mais versado em gêneros para classificá-lo totalmente, mas esses riffs... A destra sincronização com um trabalho de bateria 2/2, têm um caráter infeccioso preenchido com uma energia de balanço metálico. É algo como Thrash com espírito Punk, uma sensação reforçada pelos guinchos gritados do Magus, algo muito mais parecido com os clássicos Destruction do que qualquer grosa arbitrária de Black Metal (outra característica única que define Antiquus Scriptum aparte). Eles são incontrolavelmente divertidos, absolutamente matadores... Cativantes como o inferno e simplesmente uma grande experiência de Metal. Eles estão por todo o álbum, embora debaixo da massa absoluta de ruído que é a bateria! 

De certa forma, a programação rapidíssima realmente acrescenta algo a este som contagiante e jovem, embora no entanto, às vezes se ajuste completamente à música. Não há aquela verdadeira atmosfera neste álbum como é sentida no "Conclamatum Est", no entanto Magus faz a tentativa de remediar essa situação com algumas rajadas épicas de sintetizadores nas canções e em interlúdios acústicos. Quando essas peças nos começam a surgir ao ouvido, elas são tão chocantemente diferentes da brutalidade dos outros temas que soam um pouco estranho, por vezes, ao interromper o fluxo do disco... Especialmente no final de dois interlúdios muito calmos com uma faixa de Metal muito curta entre eles. Eu não diria necessariamente que os cortaria, talvez se não estivessem lá, o Magus poderia ter nos dado uma maior laje de implacável programação infernal (que por acaso a arte da capa se encaixa perfeitamente nesta música!), assim teria resultado melhor. No entanto, eu devo dizer que estes interlúdios são de uma qualidade acima da média do que a maior parte das básicas bandas de Pagan BM ou Folk costumam apresentar. É incrível, mas sempre me pareceram brilhantes e poéticos esses mediterranos / espanhóis / lusitanos nas suas violas acústicas! E com a progressão do álbum, esses interlúdios vão-se tornando cada vez mais belos até que somos varridos pela faixa final. Neste interlúdio em concreto, Magus emparelhou-se no que soa como cantochão (certamente latino e exclusivamente rítmico), juntamente com tambores de pele medievais, viola, um piano new age e sons da natureza no que resulta em algo verdadeiramente incrível. Eu só gostaria que ele se tivesse expandido ainda mais sobre esta peça, talvez tivesse sido melhor ter posto todo o Metal como um álbum e todos os interlúdios como um EP de Folk. Eu teria-o comprado certamente!

No final no entanto, interlúdios aparte, este álbum é difícil de engolir, mas gratificante. É francamente de uma sonoridade absolutamente brutal, mas com paciência vamos descobrir a escrita e riffs únicos que fazem Antiquus Scriptum tão especial a meu ver, e eles têm ainda mais de uma agressão jamming assassina do que o brilho mais sutil do "Conclamatum Est". Esse seria 6 anos após este disco, antes de Antiquus Scriptum ressuscitar de novo e começar a trabalhar para essa massa juvenil numa encarnação madura e moderna. 

Já o mencionei antes e volto a dizer que a capa deste álbum é perfeitamente apropriada para a música. Também gostaria de acrescentar algo sobre o artwork. O Magus depende muito aqui de gravuras e pinturas medievais o que é ótimo. No entanto, elas são apresentadas simplesmente, embora sem as fronteiras da verdadeira formatação ou qualquer outra coisa e a impressão parece um pouco fraca, especialmente com o texto ilegível por cima. No entanto porém, eu não sou muito crítico sobre este ponto, porque para além do mais certamente este disco foi lançado com pouco apoio financeiro ou assim, então há tanto que poderia ser melhorado. 

Liricamente, o Magus apresenta novamente o seu amor pela história medieval e em documentos da igreja na injusta perseguição dos pagãos pela Europa, sendo a única exceção "Of Dying Seasons (The Cursed Ones)", em que ele vomita profundamente no vitríolo do homem moderno pela sua tecnologia poluente e estupro devasso da mãe natureza. Quando ouço bandas como esta, as suas letras e imagens puxam-me para fora deste mundo corrupto e é um pouco duro quando temas contemporâneos se completam na música. No entanto, eu diria que estou totalmente solidário com Magus sobre o desprezo e ruína da nossa terra e é bom ver artistas de Metal que se preocupam com esta questão!

Eu já li algumas criticas a Antiquus Scriptum antes. O pessoal parece aparte da natureza sublime deste artista e do seu conceito incomum. O antigo MySpace da banda estava embriagado com bonita arte de fantasia, a maioria não se enquadrava de todo no comum apelo Black Metal. Os títulos das canções são longas e complexas e o homem por detrás do projeto é de facto muito eclético. Se alguém ouvir Antiquus Scriptum esperando encontrar tropos de Black Metal ou típico Epic Pagan Metal parecido com o que se pode ouvir a partir do catalogo da Einheit Productions, então eles poderão descartar esta música rapidamente. No entanto, estarão gravemente equivocados, para não mencionar a sua superficialidade com a base total do projeto. Esta banda é muito difícil de classificar e não pode ser comparada a nenhum artista seu contemporâneo. Tudo o que Magus faz nos seus álbuns é totalmente ao máximo e não pode ser confundido com qualquer outra coisa. Ele reuniu todas essas diversas idéias de riffs, a voz, a arte e letras, a fim de fazer algo especial que nunca foi ouvido antes. Eu fiz o mesmo que muito boa gente quando tropecei no seu MySpace, há alguns anos atrás... Pensando encontrar algo mais tipo Summoning ou Nazgul. Pensei que a música seria demasiado crua e não iria igualar-se ao efeito visual... Um verdadeiro erro! Ao fim de um ano mais tarde eu iria tropeçar na sua música mais uma vez por acaso e desta vez eu vi através do meu erro que tinha descoberto algo verdadeiramente maravilhoso. Ponham o tema "Guardiões Do Graal (Ou Lapsit Exilis)" e deixem a bateria de metralhadora pulverizar-vos e depois agarrem esses ritmos! Vejam se conseguem sentir aquela pura energia do Metal que vai para além da vida e talvez vocês irão finalmente ver o que há de tão especial neste projeto... Pelos menos uma das muitas coisas especiais!" 
(Raven Eyes Like Mirrors / Encyclopaedia Metallum = 80%)