New Posts...

Monday, November 25, 2013

Entrevista de Antiquus Scriptum para a Underground's Voice (Por Christophe Correia)


Saudações! A página de música extrema, Underground's Voice, fez uma entrevista ao meu humilde projeto Antiquus Scriptum, a qual aqui partilho agora convosco. Obrigado ao Chris e a todos vocês que a leem! Humildemente: Sacerdos Magus

U.V - Começo por dizer que é um gosto receber Antiquus Scriptum na Underground's Voice! Para quem não conhece, podes apresentar o projecto?

Olá Chris e antes de mais muito obrigado por esta oportunidade. Antiquus Scriptum foi um projeto iniciado em 1998, quando sai da banda de black metal, Firstborn Evil, na qual fui baixista entre 1995 e 1998. Tem 4 álbuns editados e uma série de lançamentos paralelos como compilações, splits e um inúmero rol de lançamentos em diversos formatos e edições / tiragens. É um projeto muito enraizado com a história antiga, mitologia, medievalismos, etc, tanto liricamente como musicalmente, mas também aborda temáticas mais "modernas" e introspetivas e até mesmo pessoais, na luas letras.

U.V - Apresentas uma enorme variedade de estilos dentro da tua música. Sempre quiseste criar este tipo de som mais complexo ou foi algo que foi surgindo naturalmente?

Ao principio confesso que a ideia era criar um black metal tradicional, que logo deixou de o ser, pois usei desde o início uma voz mais conetada ao thrash agressivo, embora use outros registos vocais mais aproximados da veia black / viking metal, o que veio a atribuir logo de muito cedo uma sonoridade caraterística ao projeto, desde a primeira demo. Com o tempo veio a evolução e a introdução do português também nas letras, a par com inglês e trechos de latim, as influências sinfônicas foram ficando mais vincadas na sonoridade, o folk vem sendo usado também em permanente evolução, as composições tornaram-se mais épicas e consistentes, etc, e principalmente porque consigo hoje incluir em Antiquus Scriptum, aparte de rótulos ou gêneros ou subgêneros, muitas das influências musicais que mais aprecio em geral, sem fazer nenhuma salada russa sonora, felizmente!... Desde black metal (de várias vertentes), a thrash metal, folclore, influências clássicas e eruditas, atitude pagã e baseada nas páginas sangrentas da história antiga universal, mitologia, lendas, ou simplesmente a existência e a condição humana, são tudo realidades que o projeto explora e aprofunda na sua sonoridade e que tenta transmitir aos demais com a força da música. 

U.V - O mais recente álbum "Ars Longa, Vita Brevis..." é deste ano. Qual é o seu conceito?

Bom, o conceito foi trazer mais um álbum novo cá para fora, satisfazendo assim não só a vontade artística, mas também por outro lado afirmar o projeto nas leads nem sempre benéficas do underground e tentar subir mais uns degraus no movimento, coisa que acho que estou a conseguir. O "Ars Longa, Vita Brevis..." é um álbum maduro, já... Explora uma série do tonalidades musicais que vamos explorando aos poucos, introduziu novas paisagens sonoras, alargou ainda mais as fronteiras musicais do projeto, mas acho que continua fiel ao espírito de A.S. nos seus trabalhos antecessores. É desde já o álbum que abriu finalmente portas no circuito underground internacional, apesar de sempre trabalhar com editoras estrangeiras e até mesmo, definitivamente, cá em Portugal, pois antes deste disco o projeto sentia como que se uma espécie de anonimato na cena metálica lusa; daí ser um álbum especial...

U.V - Como foram os seus processos de composição / gravação?

O processo de composição arrastou-se entre 2010 e 2013 e mesmo as gravações tiveram várias sessões, de 2011 a 2013, foi também um álbum muito aventureiro em experimentalismos... Mas correu tudo bem, é o que interessa e fiquei satisfeito não só com o resultado musical, dos elementos participativos e etc, mas como também com a evolução da produção e mistura que tem estado a cargo do Paulo Vieira (Paulão), que também participa no projeto como músico convidado.

U.V - Que reações obtiveste do público e críticos ao álbum?

As reações têm sido boas, tanto por parte do público que gostou do álbum, como por parte da crítica especializada. Ainda não há tantas reviews a este disco como aos discos antecessores, ainda foi lançado a menos tempo, mas foi muito bem recebido, assim como os 3 álbuns antigos que estão a ser reeditados pela minha atual editora, a Pesttanz Klangschmiede, da Alemanha.

U.V - O que podemos esperar de Antiquus Scriptum para 2014?

Bom, para 2014 haverá a reedição a 1.000 cópias profissionais + 100 cópias digipack do primeiro álbum do projeto, "Abi In Malam Pestem", lançado originalmente em 2002, por parte da Pesttanz. Haverão t-shirts (100) em Junho, sairá também um álbum tributo lá mais para o Outono que vem que se intitulará "Recovering The Throne (Tribute Album)" e incluirá todas as versões que A.S. já tem gravadas de outras bandas, incluindo 5 novas covers que vão brevemente ser registadas em estúdio e haverá também um split com Nethermancy, projeto paralelo do J.A. de Decayed e com o Pedro Pedra de Grog, a ser editado em principio pela Egg Of Nihilism productions, embora ainda não haja data concreta para este lançamento... 

U.V - Trabalhas com alguma editora ou lanças os teus álbuns independentemente? Como costuma ser o processo de distribuição dos teus álbuns?

Tive de facto uma pseudo editora há uns anos que era a Eye Of Horus Creations, que foi criada em 1999 com o intuito de editar e promover o meu projeto Antiquus Scriptum. No entanto esta fechou portas em 2008 por falta de verba, mas recentemente, com a saída dos álbuns profissionais através da Pesttanz, criei a Eye Of Horus Distribution que a par com a editora germânica, fazemos a promoção e distribuição do merchandising do projeto. A distribuição é feita com as vendas (claro!), mas também com o envio de material promocional para rádios, revistas, zines e webzines, etc, mas principalmente à custa de muito trading com editoras e distros de um pouco por todo o lado... O Martin da Pesttanz trabalha muito bem nesta parte do trading e subsequente distribuição e eu também ajudo bastante com a minha Eye Of Horus Distribution, de maneira que está tudo a correr pelo melhor! 

U.V - Antiquus Scriptum é um projeto que também sobe ao palco ou sendo um projeto a solo preferiste que fosse só de estúdio?

Não, nada de concertos, nem palcos. Antiquus Scriptum é um projeto de estúdio e vai continuar a sê-lo nas malhas conturbadas do tempo... Dei um único concerto com o projeto em 1999 e depois disso resolvi continuar a solo, só com músicos convidados em estúdio e sinto-me muito bem assim! Diversas vezes já veio à baila uma possível formação para uma aparição ao vivo, mas ficou sempre tudo em águas de bacalhau... Não tensiono faze-lo, estou muito bem assim! Antiquus Scriptum vem de uma fornada de bandas / projetos que foram criados por um ou dois elementos, lá mais para o norte da Europa como Bathory, Burzum ou Darkthrone, apenas com o intuito de lançarem discos e não tocarem ao vivo e eu sou muito fiel e esse tipo de doctrina! Agradeço a força e convites dos muitos que gostariam de ver o projeto ao vivo, mas vou-me ficar pelo estúdio. 

U.V - Quais são as tuas principais influências e que temas abordas nas letras?

Bom, já respondi um pouco a isso anteriormente, embora de forma subtil em anteriores questões tuas... Antiquus Scriptum usa muita dose de história antiga, mitologia, lendas, contos, nas suas letras e não só, também na música, mas tenho também sempre letras com temáticas mais "modernas" ou introspetivas ou muito mais pessoais também. Em A.S. um tema pode falar de uma batalha épica da história, ou dum conto tradicional, mas também pode contornar assuntos como a existência, a condição humana, a agravante poluição e destruição do planeta em que vivemos, o cosmos ou simplesmente temas tão banais como o amor ou o ódio... Não há limites neste projeto, música e letras entrelaçam-se em harmonia sobre um determinado assunto e esse assunto ganha vida, tão simples quanto isso!... 

U.V - Pensas que continua a existir maior reconhecimento internacional à banda, ou muitas vezes é a qualidade duvidosa o detrimento das bandas nacionais?

Acho que o estrangeiro será sempre o caminho porque aqui na Lusitânia as coisas estão como que de alguma maneira viciadas... Não lhe chamaria detrimento ou falta de qualidade das bandas de cá, mas o facto é que em Portugal liga-se muito sempre aos mesmos e as oportunidades a novos projetos com qualidade são por vezes escassas, quer a nível de edição, quer de holofotes a essas mesmas bandas. Pergunta a 10 amigos teus que bandas de nacionais conhecem e ouvirás sempre os mesmos nomes... A nossa pequenez como nação não está só na politica ou nas sociedade em geral, está também grudada corrosivamente no meio underground e é preciso galgar as fronteiras lá para fora se se quer algum reconhecimento, pois aqui em Portugal é deveras difícil uma banda ou projeto aguentar mais de que uma primeira demo, ou quanto muito um primeiro álbum sem desistir depois... Enfim, Portugalidades... 

U.V - Estás constantemente a atualizar as tuas redes sociais com notícias e novidades. Pensas que uma maior proximidade com os fãs e público em geral é indispensável para o sucesso de uma banda?

Sim, claro! Nos anos 80 e 90 nós fazíamos tape trading pelo correio. Escrevíamos cartas uns aos outros e trocávamos zines, tapes, flyers, tudo pelo correio... Agora os tempos são outros e é na net que se encontra a maior plataforma de contato com o público que gosta de determinado tipo de música. Eu uso-o constantemente se incessantemente e não me arrependo nada disso, pois recebo muito bom feedback por parte do pessoal e consigo ter sempre o projeto como que em intensa atividade, mesmo sem dar concertos ou tocar ao vivo. A Internet é uma espécie de janela para o mundo, uma ferramenta que se pode e deve aproveitar nos dias de hoje! 

U.V - Por fim quero agradecer mais uma vez a disponibilidade para a entrevista e desejar tudo de bom para a banda! Últimas palavras para os leitores da Underground's Voice?

Obrigado Chris! O prazer foi meu e só queria pedir à malta para apoiarem mais as bandas nacionais, não só as de renome, mas como os novos projetos promissores que vão aparecendo por aí. Comprem merchandising das bandas, vão aos concertos, comprem t-shirts, mas acreditem nas bandas nacionais, pois Portugal está a pôr os corninhos de fora no underground e não é de hoje... Só é necessário a vossa importante ajuda para sobreviver no nem sempre jubiloso circuito underground... Obrigado a todos. Força & Honra!

No comments:

Post a Comment

Note: Only a member of this blog may post a comment.